segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Há 92 anos nascia Clarice Lispector


Hoje Clarice Lispector completaria 92 anos. A ucraniana adotou o Brasil como seu país, sua pátria, ela dizia: "Naquela terra eu literalmente nunca pisei: fui carregada de colo". E para a nossa tristeza morreu dia 09 de dezembro de 1977, um dia antes de completar 57 anos. 

Em suas obras é presente a análise psicológica dos personagens, voltada ao abstrato, sem precisar necessariamente de começo, meio e fim. Sempre há sentimento em suas histórias. Uma boa prova desse modo único de escrever é o seu conto O Ovo e a Galinha.

Seu nome de batismo era Haia Pinkhasovna Lispector, mas quando chegou ao Brasil virou a conhecida Clarice Lispector. Ela perdeu a mãe aos nove, casou-se com um diplomata, se separou, teve um filho com esquizofrenia.

Dois dos prêmios importantes que recebeu por suas obras foram o Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1961, por seu primeiro livro de contos, Laços de família, e o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal, em 1976, pelo conjunto de sua obra. 
Largou o direito e seguiu o caminho do Jornalismo e da Literatura, e assim trilhou sua carreira. Sua primeira reportagem, “Onde se ensinará a ser feliz”, foi publicada em 19 de janeiro de 1941, no Diário do Povo, de Campinas (SP), relatando a visita da primeira-dama da República, Darcy Vargas, a um orfanato feminino. No ano seguinte, ela começou a trabalhar como redatora de A Noite e obteve seu registro profissional como jornalista, profissão que exerceria até dois meses antes de falecer.

Durante os anos 50 e 60, Clarice escreveu, sob os pseudônimos de Teresa Quadros, Helen Palmer e como ghost-writer da atriz e modelo Ilka Soares, respectivamente, para os jornais Comício, Correio da Manhã e Diário da Noite. Os textos tratavam do universo próprio das mulheres da época, dando dicas de economia doméstica, receitas culinárias, saúde e comportamento. 

Foi hospitalizada pouco tempo depois da publicação do romance A Hora da Estrela com câncer no ovário, diagnóstico desconhecido por ela. Até a manhã de seu falecimento, mesmo sob sedativos, Clarice ainda ditava frases para sua amiga Olga Borelli.

Texto de: Ketilyn Almeida 



quarta-feira, 28 de novembro de 2012

5° Encontro Literário Ler com Arte


“Os diferentes atores sociais e o incentivo à leitura”


Através do Programa Prazer em Ler, nos dias 30 de Novembro e 1° de Dezembro, acontece o 5° Encontro Literário Ler com Arte, com o tema: “Os Diferentes Atores Sociais e o Incentivo à Leitura”, na PUC/PR. O evento é gratuito, porém deve ser feita a inscrição através do e-mail pololercomarte@yahoo.com.br

Na sexta-feira (30), o cadastramento será realizado a partir das 18hrs30min, e logo às 19hrs, iniciará a mesa de discussão sobre as políticas públicas de incentivo à leitura em Curitiba, com Rogério Pereira, atual diretor da Biblioteca Pública do Paraná, Mauro Tietz, coordenador de literatura da Fundação de Cultura de Curitiba, Christiane Martins, representante de gerência de bibliotecas e faróis do saber de Curitiba e Neide Aparecida de Almeida, consultora e assessora na área de leitura.

Às 21hrs, será feita a apresentação da escritora “Cidinha da Silva” e para encerrar o primeiro dia do evento, logo após, haverá um coquetel juntamente de venda de livros para os participantes.

No dia seguinte (1°), o evento se dará na parte da manhã, iniciando às 9hrs com um bate-papo com “Cidinha da Silva” sobre literatura e Africanidade e também terá um coquetel para fechar com chave de ouro.

O participante que for aos dois dias, receberá certificado.

Serviços:

5° Encontro Literário Ler com Arte
Local: PUC/PR - Auditório Ir. Albano - rua Imaculada Conceição, 1155 - Prado Velho. 
Datas: 30 de Novembro, das 18h30min às 22hrs e 1° de Dezembro das 9hrs às 11h30min
Ingresso: gratuito
Inscrição: através do e-mail pololercomarte@yahoo.com.br

Oficina de Dramaturgia Hipertextual


Já estão abertas as inscrições para a oficina de ferramentas dramatúrgicas e literárias, que acontece entre os dias 03 e 05 de dezembro, na Casa da Leitura Dario Vellozo.

Ministrada pelo ator, escritor, diretor e tradutor, Diego Fortes, a proposta é auxiliar na criação de uma nova escrita para teatro através do entrelace de fragmentos narrativos, criando uma imagem, maior e ressignificada, a partir da relação entre esses fragmentos.

A oficina se dará das 14 às 18hrs e a inscrição deverá ser feita através do e-mail: cldariovellozo@fcc.curitiba.pr.gov.br. 

No primeiro dia, Fortes fará a leitura dramática do texto “23 de Setembro”, projeto ganhador do Prêmio Oraci Gemba de Dramaturgia.


Sinopse: 23 de Setembro

Cartas, notícias, poemas, diálogos e trechos narrativos que têm em comum sua data ao longo de vários anos. Dramaturgia que explora a estratégia hipertextual:  diferentes textos se entrecruzam para acompanharmos a trajetória de Maria Elena - uma enfermeira chilena que vive sua juventude no começo dos anos 70. Sabemos de eventos que se deram no dia 23 de setembro de diversas décadas e que acabaram por influenciar a vida da família e dos amigos da protagonista.

Serviços:

Oficina de Dramaturgia Hipertextual
Local: Casa da Leitura Dario Vellozo
Datas: 03, 04 e 05 de Dezembro
Ingresso: gratuito
Horário: das 14 às 18hrs
Inscrição: através do e-mail cldariovellozo@fcc.curitiba.pr.gov.br

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Obra de Dias Gomes é interpretada no Teatro Municipal de Fazenda Rio Grande


Como uma forma de incentivo à produção cultural do município de Fazenda Rio Grande (Região Metropolitana de Curitiba), nos dias 25 de novembro e 02 de dezembro, alunos do curso de teatro local apresentarão a adaptação do grande romance de Dias Gomes, O Bem Amado, no Teatro Municipal da região. A peça é gratuita e teve sua primeira apresentação no dia 08/11.
A proposta do projeto é transformar os fazendenses em apreciadores não só do teatro, mas também da arte, e que, como plateia, sejam mais ativos. Constitui também, na vontade de criar um estímulo à população para que aproveite mais a cidade enquanto tem acesso à cultura, já que grande parte dos moradores de Fazenda Rio Grande acabam indo à Curitiba para ter contato com alguma atividade de entretenimento.
O curso e projeto de teatro é ministrado e idealizado pela professora Nallu Nichele, e também é gratuito. São quatro turmas com mais de cem integrantes, com idades a partir de oito anos. O grupo já encenou o poeta inglês William Shakespeare com a peça “Sonho de Uma Noite de Verão” no ano passado, e pretende, para o próximo, o aprofundamento dos conteúdos, com abordagem teórica do teatro


Serviços:

Peça: O Bem Amado, de Dias Gomes
Local: Teatro Municipal da Fazenda Rio Grande
Endereço: Rua Itália, sem número, esquina com a Rua Inglaterra Nações
Datas: 25/11 e 02/12
Ingresso: gratuito
Horário: 17h

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Acantonamento na Biblioteca Pública promete incentivar a relação das crianças com a leitura


A terceira edição de Uma Noite na Biblioteca acontece durante a Virada Cultural, nos dias 10 e 11 de Novembro.


Como uma forma de incentivar a leitura da garotada desde cedo, a Biblioteca Pública do Paraná abre suas portas para um acantonamento repleto de atividades, com direito a teatro, contação de histórias, shows de mágica, dança, capoeira, rodas de leituras e gincanas.


Quem tiver entre sete e treze anos, já pode preparar o seu colchonete que no sábado (10), às 17h30, inicia as atividades. De acordo com Bruno José Leonardi, chefe da seção infantil, o evento promete “abolir o conceito antiquado de biblioteca, quebrando esse paradigma. Com isso, a relação com a leitura não só pode, como deve, mudar.”

Para os pais, o que os aguarda é torcer para que nenhum filho ligue de madrugada pedindo para voltar para casa e um café da manhã, às 10h no domingo (11).


VIRADA CULTURAL


Nos dias 10 e 11 de Novembro, acontece a tão esperada Virada Cultural em Curitiba, e especialmente esse ano, em Foz do Iguaçu, Campo Mourão, Cianoite e Maringá. São mais de 170 atrações, diversas atividades culturais espalhadas pela cidade toda, nessas 24h de evento.

Serão apresentações de dança e teatro, exposições de artes visuais, exibições de filmes pela madrugada, show com os consagrados Zeca Baleiro, Arnaldo Antunes e Cauby Peixoto, entre outros.


A Virada faz parte da Corrente Cultural, nove dias de intensa programação para promover o acesso da população aos bens culturais que iniciou no dia três e vai até dia onze. De acordo com Roberta Storelli, presidente da Fundação Cultural de Curitiba, “a Corrente enriquece o calendário cultural da cidade, atrai turistas e incrementa a economia criativa, o que é muito importante para Curitiba. Durante toda a semana essa programação gratuita ou de baixo custo em vários espaços da cidade, para todos os gostos e idades, é uma demonstração do que acontece o ano inteiro.”


Mia Couto, escritor moçambicano, lota teatro Paulo Autran




O programa de incentivo à leitura, Encontro entre Amigos, contou nessa quinta-feira (8), com um bate-papo seguido de sessão de autógrafos, com o autor do mais novo lançamento da Cia das Letras, Confissões da Leoa, Mia Couto. Mediado pelo romancista paranaense, Miguel de Sanches Neto, o encontro buscou aproximar o público com a literatura sensível do maior escritor moçambicano da atualidade.




Só há um modo de escapar de um lugar: é sairmos de nós. Só há um modo de sairmos de nós: é amarmos alguém”. A Confissão da Leoa, Mia Couto. Cia das Letras, 2012.


Para Marcelo Almeida, organizador e mantenedor do programa, é uma grande honra receber um convidado com o porte e importância do escritor, “como fã, nunca imaginei ver Mia Couto em Curitiba, minha cidade, quanto mais no palco do Encontro Entre Amigos.” Revela emocionado. “Trazer um autor com a magnitude de Couto é uma grande conquista, e serve para encerrar a programação de 2012 com chave de ouro”.

Após a leitura de uma pequena biografia do autor, feita pelo autor de Um Amor Anarquista, Miguel de Sanches Neto, Mia Couto agradece-o dizendo o quanto é gratificante sentar ao lado de um colega escritor.

Nascido em Beira, Moçambique, Mia iniciou o bate-papo de forma descontraída, e afirma, logo de início, que o que um escritor precisa, é ter amigos, e não fãs. Diante às palmas das 350 pessoas que foram até o Teatro Paulo Autran prestigiá-lo, Mia pede desculpas caso não se lembre de algum detalhe de suas obras e até brinca “vai que vocês acham que não fui eu que escrevi!”, mas depois explica “escrever um livro é como um filho, eu não vou visitá-lo depois que este deixa minha casa e vai viver sua vida. Vivi tanto tempo com esses personagens, talvez dois ou três anos, que é necessário ter essa ruptura, caso contrário, eles nunca me deixarão para dar entrada a outros”.

Para o autor, escrever é mais como uma viagem, uma reconstituição da memória e reinvenção da palavra, “onde podemos ser outra pessoa, completamente diferente, completamente igual, e ninguém nunca vai saber a verdade.”.

O livro comentado da noite foi “Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra” e Mia conta para as dezenas de pessoas, de todas as idades e olhos vidrados, que a base de sua história veio, através de um paralelo com outra cultura, um universo maior ainda que a geografia.

Ao ser indagado por Sanches Neto, sobre a instituição família, que dá vida em sua obra, ser o modelo típico africano, Mia declara que toma da realidade o que considera mais importante e faz um tratamento poético, como se fosse sua leitura do mundo. Para ele “família também é um lugar de mistério e há mais história dentro de sua própria casa do que no mundo inteiro, basta saber enxergar.”.

Um escritor de coração e alma persegue a magia e o fascínio de escrever e refazer a história como se fosse um momento de deslumbre, é uma coisa que sabe sem saber que sabe, deixando-se seduzir e conduzir por cada personagem, sem um plano ou uma arquitetura da obra, “o que seria até mais fácil se conseguisse fazer” finaliza.

Sobre o silêncio, questão tão bem comentada na África, o também poeta nos diz que deveria haver um pouco mais de respeito por este, já que uma pausa na conversa é o momento dos mortos, onde as pessoas deveriam escutar de outra maneira, lendo as palavras através do corpo, porém, aqui, é um vazio que tende a ser preenchido, talvez, apenas, para não se confrontar com o desconhecido.

Mia ainda garante que é daqueles escritores nostálgicos, “o facebook da minha infância era a minha varanda”, brinca. Para ele, estamos em um tempo que ainda há o gosto pela presença física, já que a relação de corpo não pode ser comparada com palavras trocadas em redes sociais.
Desde garotinho, o escritor já brincava de criar histórias e vivia cercado pela imaginação e a invenção de novas palavras. “Eu sentava na rua e ficava observando os transeuntes, cada um, de acordo com o modo de andar, a expressão no rosto ou a roupa, ganhava uma nova vida, totalmente recriada. Este era meu maior passatempo.”

Antonio Emílio Leite Couto, como consta em sua certidão de nascimento, tem 26 livros publicados, entre eles, poesias, contos e romances, e é ganhador dos prêmios Vergílio Ferreira pelo conjunto de sua obra em 1999 e União Latina de Literaturas Românticas, em 2007.

O quê meus olhos viram em Mia, 

por Mellissa Saldanha.



Existem experiências na vida que são, indubitavelmente, a troca de alma entre os indivíduos envolvidos. Se aura, ou qualquer outro signo que signifique uma energia incontável, incompreensível e indescritível, existe, pude percebê-la hoje, durante a troca de experiências entre o escritor Mia Couto, eu e mais 350 fãs, ou melhor dizendo, nas palavras do próprio Mia, 350 amigos.

Pega despreparada, não conhecia um livro se quer do autor, porém ao ver aquele grupo reunindo, com suas sacolas e bolsas carregadas de uma literatura, que viria eu a descobrir depois, uma das mais puras e poéticas da atualidade, me deixei apreciar o momento e conversar com senhoras que ao meu lado sentavam. 

A magnitude desse encontro fala por si só na análise do grupo espectador, que esperava pouco, perto do que lhes foi dado. Homens, mulheres, crianças, jovens, adultos, idosos, todos reunidos, de uma forma ou de outra, conectados, ligados por uma emoção que palavra/frase/poeta nenhum descreve. Do mesmo modo que os livros do autor emocionam, pega-se de exemplo na simples leitura de seu simples título: "Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra", onde, assim como o rio, o tempo corre, sem direção às vezes, encontrando-se à outros rios, perdidos também, levando pela frente tudo o que se deixar levar, sem pedir licença. A casa existe dentro de cada um de nós, somos a terra, somos a vida. E depois de uma muda poesia dessas, metade da plateia já estava emocionada. E eu, chocada. 

É incontestável o sentimento que emanava, como uma nuvem rasa feita de cores e sons. Do palco, Mia de forma alguma parecia longe ou desconfortável, como se estivesse ao meu lado e de cada um, individualmente, declarando--va-nos sua poesia em silêncio, uma expressão do corpo. Ouvir o português de Moçambique, aproximou-nos mais ainda à cultura e à vida daquele lugar, como se a alma não tivesse um dialeto, mas compreendida seria com o simples fato de, juntos por uma só paixão -que hoje, no caso, era da literatura-, nos entendêssemos sem frescuras. Como o escritor, a vontade que dá ao descrever toda essa experiência é de unir palavras, inventá-las, como se as existentes não fossem suficiente para descrever tamanho sentimento assistido. Grandioso, assombroso, de corpo, e mais que isso, de alma. Humilde, de pés no chão de terra batida e descalços.

Ganhou uma fã, afinal, nunca me senti tão tocada quanto hoje, pela simplicidade e verdade, que um ser humano pode ter.

A vontade que dá após sair de um evento desses é de encarar o universo e gritar, "eu não sou tão pequeno assim. SOU TODO POETA, TODO ESCRITOR, TODO CORAÇÃO E TODO SER HUMANO."

Escrevi esse pequeno desabafo enquanto vinha de ônibus, no meu celular de última geração, pois sabia que tempo não tinha até chegar em casa, aos poucos eu tinha o medo de perder cada faisquinha que desse encontro eu pudesse tirar. Foi uma média de 32 mensagens e garanto, que apesar do trabalho para digitá-las, aqui e agora, não me arrependo em nada. 


Essa foi minha experiência, de corpo, coração e alma, com o desconhecido que pra sempre será desconhecido, mas que a vida de alguém, eu te garanto, já mudou. Talvez tenha sido uma das maiores, se não a maior, experiência que vivi durante minha vida acadêmica.. na correria de escrever matéria de lá, trabalho de cá, conhecer alguém, por mais que seja através de um microfone, e sair, chocada, sem vontade de acender um cigarro ou fugir da chuva, isso sim é indescritível. 


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

BPP aumenta seu acervo literário


A partir da última quarta-feira quem visitar a Biblioteca Pública do Paraná poderá contar com mais 10 mil livros novos. A compra faz parte da política de renovação de acervo iniciada no começo de 2011 e desde então três grandes compras foram realizadas, totalizando quase 20 mil livros.

A literatura brasileira vai estar mais completa na BPP com Monteiro Lobato e Pedro Nava, a estrangeira vai ter seu acervo aumentado com James Joyce e Julio Verne. Entre a literatura contemporânea, destacam-se títulos de obras de Jô Soares, do britânico Ian McEwan e até mesmo do autor dos romances açucarados Nicholas Sparks.